A primeira tentação que nos sobrem diante de tão sublime invocação de Maria, como Mãe de todos os Pobres, determo-nos somente no redutor significado da pobreza como uma condição econômica e social desfavorecel. Mas a pobreza, na espiritualidade bíblica, atinge uma amplitude de conotações tão vasta, que atinge todos os homens de boa vontade, cuja atitude interior da alma manifesta uma disposição de suprema humildade, justiça, temor de Deus, obediência, serviço, mansidão na provação, sacrifício de si mesmo até‚ ao aniquilamento por amor ao outro… São os “Pobres de Javé”, cujo clamor sobe aos ouvidos de Deus e que ressoa na literatura sapiencial e nos salmos.
Com os Profetas, o vocabulário da pobreza adquire um matiz moral e escatol¢gico: os pobres, pequenos e humildes, oprimidos, fracos, indigentes, aqueles que se consideram pouca coisa, são eles os primeiros destinatários e herdeiros da redenção prometida. O Messias, também Ele, um Pobre de Deus, é enviado e ungido para “anunciar a Boa Nova aos pobres, curar os quebrantados de coração, proclamar a liberdade aos cativos, a libertação aos que estão presos… restituir a liberdade aos oprimidos e para proclamar um ano de graça do Senhor” (Is 61,1; Lc 4, 18).
Submissos … vontade divina, os Pobres de Deus, constituem assim, um Resto de um povo humilde e simples que o Messias reunir de todas as nações e os colocar como uma luz para todos os homens. Despojados de toda vanglória, prestígio e sabedoria humana, e conscientes da sua indigência de méritos pessoais, serão eles as testemunhas verazes do socorro sempre presente do Pobre dos Pobres, que a todos enriquece. Para eles é a bênção proclamada no cimo da Montanha: “Bem-aventurados os pobres em espírito… os mansos… os aflitos… os que têm sede e fome de justiça… os puros de coração… os que promovem a paz… os que são perseguidos por causa da justiça… quando vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós. Alegrai-vos e regozijai-vos, porque ser grande a vossa recompensa nos céus…” (Mt 5. 2ss).
Neste contexto de pobreza que vive Maria, a Pobre de Nazaré. Os evangelistas pouco falam Dela. E tudo o que sabem sobre esses 30 anos escondidos da vida quotidiana da Família de Nazaré, o escutaram provavelmente da sua boca. Que comentam? Os feitos extraordinários de uma Mulher extraordin ria, da qual fala veladamente toda a Escritura? Não! A Mãe falou-lhes do Filho!
As paredes da casinha de Nazaré são testemunhas silenciosas da visita do Todo Poderoso a uma jovem que passava incógnita entre todas as jovens do seu tempo. Uma vida normal de uma moça do campo, interrompida pela eleição … qual ansiavam todas as jovens de Israel: “Eis que a jovem concebeu e dar … luz um filho e por-lhe- o nome de Emanuel” (Is 7,14). Diante da eleição divina, a Serva considera-se pouca coisa e sem méritos. Não se ensoberbece, mas se humilha como quem não tem direitos sobre si mesma, sobre a sua vontade.
Diante do fecundo sinal da maternidade de Isabel, a Mãe do Salvador do Mundo não se exalta, mas proclama as maravilhas do Todo Poderoso, que “olhou para a humilhação de sua serva”. É o Maravilhoso que faz maravilhas em favor do seu povo, conforme tinha prometido. Também com admiração escuta as profecias de Simeão e Ana. É sem compreender que guarda as palavras do Seu Filho no encontro no Templo. Nas bodas de Can , a Escrava do Senhor, Mulher escondida, revela-se como a grande intercessora de todos os pobres em Espírito: “Não têm vinho”. Não têm o Espírito, não têm Alegria, não têm Vida. A Serva do mundo intercedia pelos pobres do mundo.
Aos pês da Cruz, com a inteireza e mansidão de Mulher, provada pelo sofrimento compartilhado com Seu Filho, renuncia livremente ao Bem mais alto que tinha recebido e oferece o Cordeiro sem mancha, em libação pelos pecados dos filhos pecadores que recebe do Santo Crucificado.
Despojada de tudo e de si mesma, pobre, humilde, sempre disponível a fazer a vontade de Deus, não tendo nada, mas possuindo o Tudo, Maria ê dignamente aclamada como SANTA MARIA DOS POBRES.
A Bem-aventurada Virgem de Nazaré, Mãe de Deus e nossa Mãe, Senhora do Mundo e dos Céus, continua hoje, junto de Deus, intercedendo pelos filhos seus que ainda choram neste vale de lágrimas. A POBRE DE NAZARé é VERDADEIRAMENTE SANTA MARIA DOS POBRES.
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