O jovem Afonso Ratsbonne pertencia a uma rica família israelita. Jovem e boêmio, dizia-se ateu. Certa feita, empreende longa viagem ao Oriente e resolve passar alguns dias em Roma, onde, ao ver a degradação dos judeus no “ghetto” romano teve seu ódio aos cristãos ativado.
Após visitar todos os pontos históricos e artísticos da capital italiana decide ir à casa de um amigo protestante que há tempos não via. Ao entrar, porém, em sua residência, o empregado equivocou-se e levou-a à presença do irmão desse amigo, o barão de Bussières, fervoroso católico, há pouco convertido do protestantismo.
Conversam amigavelmente e após alguns minutos travou-se entre ambos uma forte discussão sobre religião. O barão teve uma idéia: lançou-lhe ao pescoço a “Medalha Milagrosa”. Ratisbonne protestou, mas aceitou educadamente o presente e concordou ainda em copiar a famosa oração à Virgem, o “Lembrai-vos”.
No dia seguinte, Ratisbonne encontrou-se por acaso com o barão em frente à igreja de Santo André e, para fazer-lhe companhia, penetrou no templo. Ao cabo de alguns minutos, cansado de esperar pelo amigo que se dirigira à sacristia, o judeu correu à igreja com os olhos para ver se encontrava alguma obra de arte, mas, de repente, uma visão deslumbrante prendeu-lhe a atenção.
Uma Senhora de porte majestoso, adornada de roupas alvíssimas e com um manto azul sobre os ombros, mais luminosa do que o sol e olhando-o com inefável doçura, parecia ter os braços abertos inclinados para ele. Sem saber como, o ateu ajoelhou-se junto à balaustrada da capela. Procurou erguer os olhos, mas a Virgem da Medalha levantou duas vezes a sua mão e colocou-a sobre a cabeça de Afonso, obrigando-o a baixá-la. Neste ínterim, o barão de Bussières, apreensivo por ter feito seu companheiro esperar por muito tempo, procurou-o pela igreja e viu Ratisbonne de joelhos e imóvel. Impressionado, olhou-o de perto e percebeu que seu rosto estava pálido e banhado em lágrimas. O barão chamou-o e Afonso abraçou-o soluçando e pediu para falar com um sacerdote.
Após alguns dias de instrução religiosa, Afonso Ratisbonne foi batizado solenemente e, quando o padre perguntou-lhe o nome, respondeu humildemente: “Maria”.
Este fato ocorrido em 1842 não permaneceu isolado, pois devido à conversão de seu irmão Afonso o padre Teodoro Ratisbonne, que há muito tempo pertencia ao redil de Cristo, teve a idéia de fundar uma congregação religiosa destinada a trabalhar pela conversão do povo de Israel.
Unindo seus esforços nesta instituição missionária e movidos pelo mútuo e supremo ideal de salvar as almas, os dois irmãos ficaram imaginando qual nome que daria à sua ordem religiosa, fundada sob a inspiração de Maria Santíssima. Debalde procurava o padre Teodoro imaginar um novo título para a Rainha do Céu, quando certo dia, após celebrar a santa missa, ao abrir um livrinho para rezar a sua “ação de graças”, a primeira palavra que viu foi: SION (Sião). Esse nome essencialmente bíblico harmonizava-se tão bem com a obra iniciada pelos irmãos Ratisbonne, que logo foi adotado, criando-se assim para a nova congregação o título de Nossa Senhora de Sion, que é representada de pé com a vestimenta das mulheres de Israel, tendo sobre a cabeça uma coroa de quatro pontas. Segura com as mãos o Menino Jesus, que está sentado sobre elas, de costas para sua mãe.
A Congreação espalhou-se pelo mundo inteiro, tendo as religiosas chegado ao Brasil em 1889, onde instalaram uma casa no Rio de Janeiro e em Petrópolis.
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