Possivelmente uma das maiores dores sofridas pelo ser humano é a dor da traição. Justamente porque a traição vem de alguém muito próximo, alguém em quem se confia, se devota afeição. Além da dor, a traição cria uma barreira tão grande na mente e no coração, que o traído bloqueia todos à sua volta, rotulando e generalizando tudo e todos: “ninguém presta”, “não confio mais em ninguém”, “mulher/homem é tudo igual”, “antes só do que mal acompanhado”…
E o que fazer? Como lidar com esses sentimentos? Jesus, no evangelho de São João, capítulo 13, versículo 16, na iminência da traição que sofreria da parte de Judas e, preocupado com a reação dos discípulos, para que não se afundassem na decepção, disse-lhes: “Não digo isso de vós todos; conheço os que escolhi, mas é preciso que se cumpra esta palavra da Escritura: Aquele que come o pão comigo levantou contra mim o seu calcanhar (Sl 40,10)”. Veja aqui a chave: “Não digo isso de vós todos; conheço os que escolhi”. Jesus poderia, diante da maldade que Judas fez e iria fazer, pô-lo pra fora do grupo, desfazer Sua equipe, decidir caminhar e evangelizar sozinho… por conta de tamanha decepção. Mas não fez nada disso. Não perdeu a esperança nos que estavam com Ele.
Muitas pessoas perderam a esperança nas amizades, nos relacionamentos, na família, na política, em pessoas que exercem autoridade de alguma forma, por terem se sentido traídas… É preciso ter a capacidade de recomeçar. E o princípio pra isso é não rotular, não generalizar tudo e todos; como Jesus, peneirar cada relacionamento, cada pessoa: “Não digo isso de vós todos; conheço os que escolhi”. Se isso não for feito, você será condenado à decepção, a viver amargurado na solidão e sem o único sentimento capaz de dar sentido à vida: O amor.
Edson Oliveira
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