Hoje, 22/06 celebra-se um santo político ou um político santo. E diante do cenário vergonhoso em que se encontra a nossa política, devemos olhar para a vida e missão deste santo e de tantos outros homens e mulheres de bem e renovar nossa esperança. Como diz o Papa Francisco, “envolver-se na política é obrigação para o Cristão”.
Thomas Morus (ou Thomas More) foi escritor, diplomata, advogado e um dos grandes humanistas do Renascimento.
Nascido em Londres no dia sete de fevereiro de 1478, Thomas Morus era filho do juiz John More com Agnes Graugner. Homem de muito bom humor, fez carreira como advogado e se tornou um profissional respeitado. Sua erudição e sua habilidade o levaram à cátedra universitária por algum tempo. Rapidamente passou a ocupar a Câmara dos Comuns e ficou reconhecido como parlamentar combativo. Seu crescimento foi rápido por todos os locais que passou, o que o levou à corte de Henrique, no ano 1520. Vivendo perto da família real, Thomas foi embaixador e tornou-se cavaleiro já no ano seguinte. Sua ascensão passou por vários cargos importantes até chegar ao posto de Chanceler da Inglaterra.
Em sua vida particular, era um homem caseiro e de família. Casou-se pela primeira vez com Jane Colt, em 1505, com quem teve quatro filhos. Sua primeira esposa faleceu em 1511, então se casou pela segunda vez, com Alice Middleton. Thomas era muito apegado aos seus filhos e os deu excelente educação e muito avançada para época. Não fazia distinção na educação entre filhos e filhas, todos aprenderam latim, grego, lógica, astronomia, medicina, matemática e teologia. Era amigo dos mais proeminentes humanistas europeus, como Erasmo de Roterdã, com quem tinha uma relação muito frutífera.
O cargo de Chanceler foi recebido quando o rei inglês Henrique VIII queria se desposar de Catarina de Aragão para se casar com Ana Bolena. O antecessor no cargo não havia alcançado êxito na efetivação do desejo do rei e foi substituído. Porém Thomas Morus era homem de muita retidão e competência. Foi extremamente eficiente e justo nas tarefas de sua responsabilidade. Só que não concordava com a questão matrimonial, pois seguia a doutrina católica. Contrário às Reformas Protestantes, temia que o catolicismo fosse derrubado na Inglaterra e deixou o cargo de Chanceler, em 1532, causando desconfiança. Henrique VIII se declarou o líder da Igreja na Inglaterra e convocou Morus para fazer seu juramento de reconhecimento em 1534. Diante da recusa, foi preso na Torre de Londres e condenado à morte pelo rei. Sua execução por decapitação ocorreu na manhã do dia seis de julho do mesmo ano e sua cabeça ficou exposta durante um mês na ponte de Londres.
Thomas Morus teve uma vasta produção literária. Seu livro mais conhecido e mais importante é chamado Utopia, publicado em 1516. Nele o autor fala de uma ilha imaginária de forma alegórica permitindo muitas interpretações. Alguns acreditam ser uma idealização de Estado e outros entendem como sátira da Europa no século XVI. Foi um dos grandes intelectuais humanistas do Renascimento e, ao mesmo tempo, católico inabalável. A Igreja Católica o canonizou por sua luta pela liberdade individual. Seu corpo está sepultado na Capela Real de São Pedro ad Vincula e seu dia festivo é celebrado em 22 de junho. Recentemente, foi declarado também Patrono dos Estadistas e Políticos pelo Papa João Paulo II.
Edson Oliveira