Matar em nome de Deus é satânico, diz Papa Francisco

O Papa Francisco celebrou a Missa na manhã desta quarta-feira, 14, na capela da Casa Santa Marta, em memória do padre Jacques Hamel, sacerdote assassinado na França enquanto celebrava a Missa.

O padre francês de 85 anos foi degolado por dois jihadistas em um atentado em 26 de julho durante a celebração eucarística na igreja de Saint-Etienne-du-Rouvray.
Em sua homilia, o Pontífice recordou que a Igreja celebra hoje a festa da Cruz de Jesus Cristo – e é na Cruz que se pode compreender plenamente o mistério de Cristo.

Cristo é o primeiro mártir

“Este mistério de aniquilação, de proximidade a nós. Como diz Paulo, vivendo na condição de Deus, Cristo não considera um privilégio ser como Deus, mas esvazia a si mesmo, assumindo uma condição de servo, tornando-se semelhante aos homens. Humilhou a si mesmo fazendo-se obediente até a morte, a uma morte de Cruz. Este é o mistério de Cristo. Jesus Cristo é o primeiro mártir, o primeiro que dá a vida por nós, e deste mistério de Cristo começa toda a história do martírio cristão, desde os primeiros séculos até hoje”.

Os primeiros cristãos, explicou o Papa, recebiam a proposta da apostasia, isto é: “Digam que o nosso deus é o verdadeiro. Façam um sacrifício ao nosso deus ou aos nossos deuses”, e se rejeitavam a apostasia, eram assassinados.

Matar em nome de Deus é satânico

“Esta história se repete até hoje na Igreja e hoje na Igreja há mais mártires cristãos do que nos primeiros tempos. Hoje há cristãos assassinados, torturados, encarcerados, degolados porque não renegam Jesus Cristo. Nesta história, chegamos ao nosso padre Jacques: ele faz parte dessa corrente de mártires. Os cristãos que hoje sofrem – seja na prisão ou com a morte ou com as torturas – para não renegar Jesus Cristo mostram precisamente a crueldade dessa perseguição. E esta crueldade que a apostasia exige, digamos a palavra, é satânica. E quanto seria bom que todas as confissões religiosas dissessem: “Matar em nome de Deus é satânico”.

 

Francisco recordou que Padre Jacques Hamel foi degolado na Cruz, justamente enquanto celebrava o sacrifício da Cruz de Cristo. “Homem bom, manso, de fraternidade, que sempre buscava fazer a paz, foi assassinado como se fosse um criminoso. Mas há algo, neste homem, que aceitou o seu martírio no altar, algo que me faz pensar muito: em meio ao momento difícil que vivia, em meio a esta tragédia que ele via se aproximar, um homem manso, um homem bom, um homem que fazia fraternidade, não perdeu a lucidez de acusar e dizer claramente o nome do assassino. E disse claramente: ‘Vai embora, Satanás!’. Deu a vida por nós, deu a vida para não renegar Jesus. Deu a vida no mesmo sacrifício de Jesus no altar e dali acusou o autor da perseguição: ‘Vai embora, Satanás!’.”

Padre Hamel é um mártir

O Pontífice concluiu: “Que esse exemplo de coragem, mas também de martírio da própria vida, de esvaziar a si mesmo para ajudar os outros, de fazer fraternidade entre os homens, ajude todos nós a ir avante sem medo. Ele do Céu, porque devemos rezar para ele, é um mártir! E os mártires são beatos – devemos rezar para ele, que nos dê a mansidão, a fraternidade, a paz e também a coragem de dizer a verdade: matar em nome de Deus é satânico”.

Peregrinos franceses

Participou da Missa um grupo de 80 peregrinos franceses de Rouen, acompanhados de seu Bispo, Dominique Lebrun. Também concelebrou o cardeal hondurenho Oscar Andrés Rodriguez Maradiaga, coordenador do Conselho de Cardeais, que conclui hoje mais um ciclo de reuniões com o Papa. No altar, foi colocada uma imagem de Padre Hamel.

Breviário de Padre Jacques em Roma

A Comunidade de Santo Egídio comunicou que o breviário de Padre Jacques Hamel será conservado em Roma. Nesta quinta-feira, 15, às 20h, haverá uma celebração em São Bartolomeu, a Igreja em Roma dedicada aos “novos mártires”, para recordar Padre Hamel.

Fonte: Portal cancaonova.com

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *