A máscara mundana de ‘sexo seguro’

Entenda a máscara mundana disfarçada de ‘sexo seguro’

Num cartão-postal li: “Dia Mundial da Prevenção da Gravidez na Adolescência incentiva o conhecimento sobre contracepção responsável e moderna”. Pasmem! Nesse anúncio, supõe-se como natural que a adolescente esteja mantendo relações sexuais e o que ela precisa saber são os métodos sobre contracepção responsável e moderna.

Essa propaganda é só mais uma peça do “teatro” (para não usar palavra mais forte) que estamos vivendo como sociedade. A primeira pergunta que me veio, ao ver esse cartão-postal, foi esta: como proclamar e viver o plano divino para o homem e a mulher, chamados desde o princípio à íntima comunhão interpessoal da unidade de dois, quando o slogan mais famoso que temos referente à sexualidade é “sexo seguro”, como se o aspecto mais importante da união sexual fosse não contrair doença ou prevenir uma nova vida? Não quero aqui tratar das mentiras “técnicas” desse slogan. Quero tratar do seu aspecto moral. Para isso devemos responder:

1. Qual é a imagem do homem e de mulher?
2. Qual a meta?
3. E qual o resultado que esse tipo de slogan esconde?

A imagem transmitida pelo slogan é que o homem e a mulher são puro instinto, e que, ao não conseguir se segurar frente ao estímulo provocado pelo outro, devem estar prevenidos para uma relação casual, daí a necessidade de levar a camisinha no bolso e a pílula na bolsa. Fica claro entender por que a preocupação fundamental é a prevenção de doença ou gravidez (que também é tratada como doença). Já que não se consegue ensinar o que é realmente a relação sexual, e que os jovens (e adolescentes!) não conseguem se segurar, pelo menos são tapeados, fingindo que a distribuição de preservativos e pílulas pode ajudá-los.

A imagem do homem e da mulher

A imagem do homem e da mulher no plano divino é bem oposta a essa. Ela afirma que o ser humano é um ser livre e, diferente do animal, ele pode e deve escolher. Aliás, quando Adão viu e deu nome a todos os animais, entre eles não encontrou ninguém para entrar em comunhão, para estabelecer relações interpessoais. Além dos detalhes referentes ao caráter mítico do relato, encontramos, em Gênesis, a verdadeira essência do homem: ele é feito para alguém, para a mulher, e daí a eloquente frase que resume a alegria e a exultação dele: “Agora sim, osso do meus ossos, carne da minha carne” (Gn 2,23).

Deus criou o homem e a mulher à Sua imagem, e o Senhor é uma eterna comunhão de amor de três Pessoas divinas. Vislumbramos assim a nobreza do ser humano e do seu chamado a refletir essa imagem precisamente na união de uma só carne, isto é, na união pela qual o esposo e esposa renovam o amor total, fiel, exclusivo e aberto à vida, que prometeram em suas bodas. Por isso, fora do matrimônio, a união física se priva das qualidades do amor autêntico e manifesta assim uma falsa linguagem do corpo (Cf. Audiência de João Paulo II, 22 de agosto de 1984).

A meta

A meta do slogan “sexo seguro” é aumentar a promiscuidade sexual. Pelo aumento da gravidez de crianças e adolescentes, podemos comprovar essa triste realidade. Lógico que toda culpa não recai só nessa campanha nacional do Governo nem em outras parecidas a essa. Toda nossa anticultura tende para isso: músicas pornográficas sendo cantadas por bebês, novelas como o alimento diário das famílias, uma ditadura da moda que faz com que as mulheres se vistam como prostitutas. Se isso é plantado diariamente, o que queremos colher? Uma geração heroica ou uma geração doentia?

A meta da união conjugal no plano divino é uma meta inscrita no próprio corpo masculino e feminino, que exige uma entrega consciente e livre de toda a pessoa, não somente de sua genitalidade. Separar a pessoa da sua sexualidade é reduzi-la, tornando-a simplesmente um objeto para satisfazer um desejo concupiscente, isto é, um mau desejo. Por isso, para que uma união conjugal seja autêntica, é necessário um amor maduro, que, ao sair do seu eu, aceite ser total e irrevogavelmente do outro.

Um amor, nas palavras de João Paulo II, que reconheça o significado esponsal do corpo humano, isto é, a sua capacidade de expressar amor, precisamente aquele amor no qual a pessoa se torna um dom e, por meio desse dom, realiza o sentido completo de seu ser e de sua existência (Audiência de João Paulo II, 16 de janeiro de 1980). Mas alguém só pode se tornar um dom à medida que se possui, por isso sem o autodomínio não há amor verdadeiro.

O resultado

O resultado que o slogan “sexo seguro” produz uma geração escrava de si mesma, pois a paixão se manifesta a si mesmo como uma insistente tendência em direção à satisfação dos sentidos e do corpo (separada da pessoa). E a satisfação, de acordo com o homem dominado pela paixão, busca extinguir o fogo, mas em vez disso não alcança as fontes da paz interior. O homem que está ocupado em satisfazer seus sentidos não encontra descanso nem encontra a si mesmo; pelo contrário, consome a si mesmo (Audiência JPII, 10 setembro de 1980).

O resultado do plano divino é que o homem e a mulher possam ver o seu corpo orientado interiormente pelo dom sincero da pessoa, revelando um valor e uma beleza que ultrapassam a dimensão simplesmente física da sexualidade, e nesta doação se realizarem como pessoas, ao reconhecer no outro um ser único e irrepetível: alguém escolhido pelo eterno Amor (Cf. Audiência de João Paulo II, 16 de janeiro de 1980).

Ah, se o Plano Divino fosse o fundamento da imagem, da meta e do resultado, buscado num slogan de campanha nacional, como este seria diferente!

Fonte: www.teologiadocorpo.com.br

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