O evangelista São Marcos cita um episódio em que Jesus vai à casa de Levi (Mateus) para uma refeição. Mateus era cobrador de impostos – na prática, alguém que tinha como função arrecadar para o governo taxas altíssimas de impostos – e além da arrecadação exorbitante, acrescentava um valor a mais para si. Na casa de Mateus, estavam com ele muitos outros cobradores de impostos e pecadores. Vendo isso, os fariseus, escribas e doutores da Lei, diziam admirados e indignados: “Ele come com os publicanos e gente de má vida” – Marcos 2, 16b. Diante disso, Jesus os explica que “os sãos não precisam de médico, mas os enfermos; não vim chamar os justos, mas os pecadores” – Marcos 2, 17.
Mais do que saber para que veio a este mundo, Jesus sabia para que não veio – Não veio para os sãos, para os perfeitos – Ele veio para salvar, libertar o ser humano do pecado e Mateus e sua turma eram pecadores reconhecidos publicamente.
A bronca dos fariseus era porque Jesus não convivia com eles e constantemente os confrontava e questionava se a observância da Lei os estava transformando ou escravizando-os. Esse agir diferente de Jesus mostrava para que Ele não veio. Ao vir a este mundo, Jesus viveu com foco.
Em 1997, Steve Jobs, fundador da apple, disse que foco significava “dizer não às centenas de outras boas ideias que existem”. Jesus poderia ter tido outra boa ideia, quem sabe menos conflitante e sofrida para salvar os pecadores, mas não seria eficaz. Ao chamar Mateus e ir à sua casa, não somente Mateus foi tocado, mas sua família, amigos e colegas de trabalho, porque o foco d’Ele eram os doentes, os pecadores.
O sofrimento suportado por Jesus, bem como sua morte tão cruel, só foi por Ele levado a termo, porque Ele teve foco até o fim, principalmente quando em Sua agonia, antes de ser entregue por Judas aos soldados, a tentação quis convencê-Lo a desistir: “Pai, se possível afasta de mim este cálice” – Mateus 26, 39a. Mas, porque tinha foco, soube dizer: “contudo, não seja como eu quero, mas sim como Tu queres” – Mateus 26, 39b. Ele poderia ter dito sim à ideia de não morrer na Cruz, mas disse não a esta boa ideia, teve foco; sofreu, morreu, ressuscitou, cumpriu de forma eficaz Sua missão de salvar a humanidade.
As coisas que fazemos ficam malfeitas ou são feitas pela metade, quando não temos foco e assim, dando atenção a centenas de outras boas ideias que surgem, “atiramos para todos os lados”. A eficácia do que fazemos está no foco: quando dizemos não àquilo que surge para desviar nossa atenção.
Edson Oliveira