Educação não é apenas um direito, mas dever gravíssimo que cabe aos pais

A decadência da educação, a nível mundial, procede do esquecimento de Deus como Criador e Mantenedor de todas as coisas

É precisamente no momento do Batismo que nascemos para a graça de Deus, e em nossa alma se imprime o caráter indelével de cristão, começa a missão dos pais em relação a educação: recebemos a herança que nos torna filhos no Filho.

A vida adquire um sentido, passa a estar ordenada para Deus e tudo deverá seguir nessa direção. Não buscamos mais as coisas deste mundo, concentrando-nos na busca de nossa santificação procurando, de forma gradual e consciente, realizar a vontade de Deus até podermos dizer: “Não sou eu quem vive, mas Cristo que vive em mim”(Gl 2,20).

Missão do católico

Se somos cristãos é porque cremos em tudo o que sempre nos ensinou a Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica. Ter fé é dar assentimento às verdades reveladas para que a alma seja salva. Assim, a missão de vida do católico é essencialmente ensinar a mesma fé aos seus filhos, e a todos aqueles que Deus lhe confiar.

Se somos pais católicos, educar não é apenas um direito, mas um dever gravíssimo pelo qual devemos rezar e trabalhar incansavelmente, de sorte que nossos filhos sejam – e permaneçam – cristãos.

E ao confiarmos nossas crianças e jovens à educação escolar, estejamos atentos para que, não somente não lhes seja arrebatada a fé de seu Batismo, mas que haja fiel cooperação com a grande obra de sua salvação por parte dos professores e diretores.

Ora, mas o que é educar senão ensinar às crianças e jovens a amar o que é bom, a admirar o que é puro; a respeitar e obedecer a autoridade (cuja fonte é Deus); a ser bons e castos; a amarem-se mutuamente e a perdoarem-se, a conservar os bons costumes e a tradição; a ser laboriosos, fiéis e conscienciosos; a preferir o dever ao prazer; a fugir de tudo o que pode corromper o espírito, corromper o coração?

Sem fé não há moral

Somente a fé católica, com sua estrutura e doutrina infalível é capaz de tudo isso, onde quer que a deixem trabalhar; aí florescerá o bem e será extirpado o mal. Sem fé, não há moral. Sem a fé e a moral não há civilização ordenada e tudo perde o sentido.

Se educar é inclinar-se sobre uma alma imortal, adivinhar cada instinto para lhe dar nobreza, espiar cada arrojo, imprimindo-lhe fortaleza¹, daí deriva a inalienável responsabilidade de apresentar a verdade, a bondade e a beleza ao espírito humano.

Para formar homens livres, educar bem é um dever de consciência para todos os cristãos que tiverem assumido a sua missão de ensinar! Contudo, nós católicos somos cúmplices, já há algum tempo, de uma educação materialista, cujo objetivo atrofiado visa o mero sucesso pessoal no mercado de trabalho.

Busca-se atingir elevado status acadêmico para obter reconhecimento de instituições; especializar-se infinitamente sem adquirir a contemplação; concordar com o impossível e irreal (ou surreal?) para não criar confusão nem ser do contra; desenvolver e propagar teorias financiadas, porém sem princípios sólidos; ocupar posições de poder sem estar submetido à autoridade divina – ora, tudo isso é subjugar almas em nome de conquistas meramente terrenas!

Essa forma de educar mata o espírito pela aridez e desvirtuamento, afogando o que há de mais nobre no homem. Como castelos de areia na praia que qualquer onda leva embora, a educação dita moderna é incontestavelmente destruidora, porque seu objetivo não está adequado à natureza humana, que tem sede de Deus.

Não encontraremos a “água que sacia”, nesse poço lamacento do sistema educacional contemporâneo, imerso em conflito existencial e destinado a tais fins, nada transcendentes.

Decadência da educação

A decadência da educação a nível mundial procede, sobretudo, do esquecimento de Deus como Criador e Mantenedor de todas as coisas; esse vetor do esquecimento é resultante não somente dos erros daqueles que promovem as “novidades” educacionais (como por exemplo, a massificação que globaliza), mas principalmente da omissão daqueles que poderiam corrigir essas sandices, mas não o fazem. Nossa culpa! É mister conhecer profundamente a fé para combater os seus inimigos.

O Santo Papa Pio X (citando seu predecessor Bento XIV) em sua encíclica “Acerbo Nimis”, reforça isso com clareza inexorável: “Afirmamos que a maior parte dos condenados às penas eternas padece sua perpétua desgraça por ignorar os Mistérios da Fé, que necessariamente se devem conhecer e crer, para ser contado no número dos eleitos” (Instit. 27,18). E, isso, tem custado almas!

Não podemos nos contentar com os “prêmios de consolação” politicamente corretos que o mundo oferece. A Porta é estreita!

Os insensatos, que pretendem tal educação desvirtuada não formam cristãos, mas cidadãos embrutecidos que, mesmo tendo sido batizados, aprendem a viver sem Deus, a depreciar as Santas Palavras, a debochar das santas vocações e das famílias devotas, a desmerecer as santas práticas como a castidade e o sacrifício, a ignorar a guarda do Domingo e das Festas, a submeter leis eclesiásticas às guilhotinas das leis iníquas, a desdenhar os Sacramentos e a cometer toda sorte de sacrilégios que bradam aos Céus, chegando ao egoísmo barbárico de julgar uma vida superior à outra, determinando os critérios pelos quais alguém deve viver ou morrer.

Processo de putrefação

A cauterização da mente em relação à verdade culmina sempre no horror que, envenena lentamente a sociedade, pois o erro corrompe o coração com a mesma astúcia de uma serpente que se enrola vagarosamente no tronco da “árvore da vida”. O jardim até parece o mesmo, mas o pecado está lá, e já iniciou o processo de putrefação.

Porém, sabemos que a educação cristã é comprovadamente poderosa, porque liberta da ignorância e engendra metanoia, ao fazer ressoar a verdade no seio da sociedade.

Sendo assim, é necessário que a educação vá sempre animada do Espírito de Deus, para que tenha a eficácia criadora e fecundante.

A verdadeira educação é aquela que tem como fim: a salvação das almas; firmando os filhos respeitosos; os esposos fiéis; os pais solícitos; os obreiros modestos; os cidadãos retos, fraternos e patriotas; cujos olhares estão fixos na Santa Cruz, pois através dela é que vislumbram o Céu.

Em síntese: o homem instruído na fé é, consequentemente, um homem pleno, virtuoso, determinado e empenhado em defender a vida, a família, a Santa Igreja e a sociedade por amor ao Pai. Ele guarda a fé e trabalha pelo bem comum, para que Cristo reine hoje e sempre.

Capacidade e desenvolvimento do educador

O educador que realiza seu ofício com sabedoria, humildade, paciência e vida interior, construindo em si, como resposta da graça de Deus sobre sua alma despojada, terá desenvolvido a capacidade de contemplar a verdade, ordenar todas as coisas, corrigir os erros e julgar os princípios.

Exercitando-nos no amor à verdade, caminharemos de fé em fé, crescendo em santidade e frutificando os dons. E, então, teremos trilhado o caminho que conduz ao Céu, dado testemunho da Verdade e completado nossa missão neste mundo. “Se o Senhor não constrói a casa, em vão trabalham os construtores”.

1 – BETHLÉEM, A. René, Catecismo da Educação, Castela Editorial, 2017

Fonte: portal cancaonova.com – Patrícia Júlio – Católica; casada; mãe de dois filhos. Graduada em administração de empresas, pós-graduada em psicopedagogia; cursando último ano de Teologia.
Coordenadora do Curso em Defesa da Vida e da Família, na cidade de Sorocaba e região.
email : defesadavidasorocaba@gmail.com

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