Veja o que nos diz a Carta de São Tiago: “Que ninguém, quando for tentado, diga: ‘Minha tentação vem de Deus’. Pois Deus não pode ser tentado a fazer o mal e a ninguém tenta. Cada qual é tentado por sua própria concupiscência, que o arrasta e seduz” (Tg 1,13-14).
O que é concupiscência? “O que sai do homem é o que o torna impuro. De fato, é do interior, é do coração do homem que saem as más intenções, os desregramentos, os furtos, homicídios e adultérios, as perversidades, as astúcias, a inveja, a injúrias, vaidade e insensatez” (cf. Mc 7,20-22).
Essas sementes da concupiscência já existem em nós. Quando não as utilizarmos, é porque, pela graça de Deus, não estão florescendo. Satanás já as semeou e tenta cultivá-las em nós. É do coração do homem que saem as más intenções que o tornam impuro. Concupiscências são sementes do mal que têm forças e querem florescer. Em determinado momento, é a ganância; em outro, é a inveja; ainda em outro, é a impureza… e assim por diante.
São Paulo diz claramente: “Sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço. Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim” (Rm 7,18-20).
Não podemos ser ingênuos! Existe muita tentação que o demônio nos apresenta, mas a pior delas já existe em nós: a concupiscência. Ela age de duas maneiras: violenta e jeitosa. Com a primeira, ela arrasta sem medo a pessoa para o pecado. Com a outra, mais comum – a concupiscência jeitosa –, vai chegando de mansinho, com sedução, “piscando” de lado, dando “sorrisinhos”… E vai atraindo você até cair. A Palavra de Deus esclarece: não é o maligno, é a própria concupiscência que nos arrasta e seduz. O diabo apenas se utiliza dela para nos derrubar.
“Uma vez fecundada, a concupiscência dá à luz o pecado; e o pecado, tendo atingido a maturidade, gera a morte” (Tg 1,15a).
Quando o pecado amadurece e cria raízes em nós, fica difícil de nos livrarmos dele. Somente pelo arrependimento e pela confissão Deus o arranca pela raiz. Mesmo assim, temos de ficar atentos, porque a concupiscência continua dentro de nós como semente. Depende de nós aceitá-la ou não para o pecado se concretizar.
Você pode passar por uma tentação muito forte e por vários dias de tribulação, mas Jesus lhe pede para ser firme, porque, nesses momentos, Ele está rezando por você. O Senhor está vendo a concupiscência atacando você, tentando-o, seduzindo-o e arrastando-o, por isso Ele ora por você.
São Francisco de Assis enfrentou a tentação duas vezes de maneira agressiva. Uma das vezes, quando sentiu o “fogo” da tentação, passou dias lutando contra a concupiscência dentro dele. Quando ele não aguentava mais, jogou-se no meio das roseiras cheias de espinhos. Ele deu a vitória a Jesus e Este deu a vitória a ele. Hoje, em Assis, ainda vemos essas roseiras, e elas não têm mais espinhos. Aqueles espinhos foram embora, porque a intercessão de Jesus uniu-se à vontade firme de Francisco em dizer: “Não, eu não peco!”.
Da outra vez, Francisco foi novamente tentado violentamente em sua concupiscência. Tudo começou com um sentimento bom: o desejo de ser pai. Enquanto ele olhava para um bonequinho de neve que havia feito, a concupiscência dentro dele o provocava: “Você poderia ser pai de uma criatura assim, muito mais bonita do que essa”. Quando Francisco percebeu a violência da tentação agindo sobre sua sexualidade, empurrando-o para o pecado, ele não teve dúvida: tirou a roupa e rolou na neve para apagar o “fogo” provocado por ela. Isso é ser homem! Isso é ser santo!
Ceder à concupiscência, qualquer fraco o faz e está fazendo. Mas aqueles que são realmente homens e mulheres de Deus vencem a tentação movidos pela vontade de dar ao Senhor a vitória.
A concupiscência pode afoguear seu corpo, seus sentimentos, seus afetos e sua imaginação, mas você não precisa ceder, não pode deixá-la se enraizar no seu coração.
“Não vos enganeis, meus irmãos muito amados” (Tg 1,16).
Peça ao Senhor que fortaleça sua vontade. Abra o coração para que o Divino Espírito Santo lhe revele as concupiscências que pesam sobre você e faça essa oração.
“Eu me decido por Ti, Senhor, por Teus caminhos e pelas Tuas leis. Eu me decido a não deixar que a concupiscência seja fecundada em mim. Dá-me, portanto, Senhor, força de vontade. Dá-me a graça da decisão. Eu me decido a não pecar. Mesmo que eu sinta a força da concupiscência em mim, querendo me arrastar, eu não vou ceder. Eu sou ‘terra boa’ e não posso produzir maus frutos. Não posso produzir pecado em minha vida. Só as sementes de Deus podem florescer em mim.
Senhor Jesus, estou declarando, hoje, a Sua vitória. Sei que cedi à tentação muitas vezes, por isso minha vontade se enfraqueceu. Peço: fortalece minha vontade, dá-me a graça de não pecar. Senhor, eu me decido por Ti!”
Extraído do livro ‘Combatentes na provação’, de monsenhor Jonas abib.