Orar é algo muito amplo. E seu ensinamento requer um imenso cuidado, principalmente porque há quem goste de rezar em silêncio, de voz alta, sentado, ajoelhado, em pé, de braços erguidos, se movimentando, imóvel, cantando… Enfim: rezar é algo muito pessoal e particular.
Mas existe algo que deve ser comum a qualquer pessoa no que se refere à oração, que nos foi orientado pelo próprio Jesus, no evangelho de São Mateus, capítulo 6, versículo 7: “Nas vossas orações, não multipliqueis as palavras como fazem os pagãos, que julgam que serão ouvidos à força de palavras”. Essa orientação foi passada, porque os fariseus rezavam simplesmente para mostrarem que rezavam e eram tão prepotentes e ávidos em manipular as pessoas que achavam que rezando alto e repetindo com “fervor” a oração, Deus se dobraria a tal capricho.
A oração para ser ouvida por Deus e “poderosa” como tantos pretendem que seja, precisa ser desejada. Deve brotar de um coração que antes de tudo anseia por Deus, como explica Santo Agostinho: “O seu desejo é a sua oração; se o desejo é contínuo, também a oração é contínua. Não foi em vão que o Apóstolo disse: “Orai sem cessar” (1Ts 5,17). Será preciso ter sempre os joelhos em terra, o corpo prostrado, as mãos levantadas, para que ele nos diga: “Orai sem cessar”? Se é isto que chamamos orar, não creio que possamos fazê-lo sem cessar. Há outra oração interior e contínua: é o desejo. Ainda que faças qualquer outra coisa, se desejas aquele repouso do Sábado eterno, não cessas de orar. Se não queres cessar de orar, não cesses de desejar”.
Edson Oliveira