A política é uma das formas mais elevadas de amor
Os últimos Papas têm insistido muito para que os católicos participem da vida pública, e de modo especial, da política. Vale a pena recordar alguns de seus ensinamentos nesse sentido. O Papa Francisco disse:
“Envolver-se na política é uma obrigação para o cristão. Nós não podemos fazer como Pilatos e lavar as mãos, mas temos de nos meter na política, pelo fato de ela ser uma das formas mais altas de caridade e busca do bem comum. Os leigos cristãos devem trabalhar no meio político.
Sei que a realidade da política está muito suja, mas eu pergunto: Por que ela está assim? Por que os cristãos não participaram dela com espírito evangélico? Essas são as perguntas que me faço. É fácil dizer que a culpa é dos outros, mas o que estamos fazendo para mudar essa realidade? Trabalhar para o bem comum é dever do cristão.
A Igreja não deve cair naquela máxima de querer ficar de fora do meio político; pelo contrário, deve colocar-se na “grande política”, porque, como dizia Paulo VI, ela é uma das formas mais elevadas de amor.
Vocação à política
Na Exortação Evangelii Gaudium, nº 205, o Papa Francisco disse: “A política, tão denegrida, é uma sublime vocação, é uma das formas mais preciosas da caridade, porque busca o bem comum”.
Papa Bento XVI disse em Roma: “Reitero a necessidade e urgência de formação evangélica e acompanhamento pastoral de uma nova geração de católicos envolvidos na política, que sejam coerentes com a fé professada, que tenham firmeza moral, capacidade de julgar, competência profissional e paixão pelo serviço ao bem comum” (Discurso ao CPL, Vaticano, 15 de novembro de 2008).
O Papa pediu aos bispos que estimulem os fiéis leigos a “vencerem todo espírito de fechamento, distração e indiferença, e a participarem, em primeira pessoa, da vida pública”, para construir uma sociedade que respeite plenamente a dignidade humana.
Bento XVI insistiu na importância das “iniciativas de formação inspiradas na doutrina social da Igreja, para que quem esteja chamado às responsabilidades políticas e administrativas não seja vítima da tentação de explorar sua posição por interesses pessoais ou por sede de poder”. (Roma, 26 de maio de 2011 zenit.org)
São João Paulo II, na exortação Christifidelis laici já tinha dito: “Para animar cristãmente a ordem temporal, no sentido que se disse de servir a pessoa e a sociedade, os fiéis leigos não podem absolutamente abdicar da participação na «política», ou seja, da múltipla e variada ação econômica, social, legislativa, administrativa e cultural, destinada a promover orgânica e institucionalmente o bem comum. As acusações de arrivismo (ambição), idolatria de poder, egoísmo e corrupção não justificam minimamente nem o cepticismo nem o absenteísmo dos cristãos pela coisa pública” (n.42).
Doutrina Social da Igreja
Participar da política não quer dizer apenas ser candidato a algum cargo eletivo; é muito mais que isso; é conhecer o que a Igreja nos ensina na “Doutrina Social da Igreja”, ensinar isso aos outros e orientar as pessoas em quem votar e votar bem. Antes de tudo, é preciso conhecer cada candidato e saber se tem boa formação humana e cristã, e se tem bons conhecimentos da ordem econômica, social e política, para exercer bem o cargo público a que se candidata.
Nem sempre será possível encontrar um candidato perfeitamente afinado com o Evangelho e a moral católica; a eleição de alguém para um cargo público não é a mesma coisa que a seleção para ser sacerdote ou bispo. Pode até acontecer de alguém que não seja católico ser mais honesto e competente do que alguém que se intitula católico, mas que não tem as mesmas qualidades.
O que importa é votar com a consciência reta e esclarecida
Uma rápida análise mostra que o nosso país vai mal na economia e na assistência ao povo, porque vai mal politicamente. E o voto é o meio de mudar essa situação, ele é sagrado, é a arma da democracia. Mas se ele não for dado com conhecimento de causa, com honestidade, sem se vender, a democracia fica doente e pode se tornar ditadura disfarçada.
Muitas pessoas não sabem votar, não conhecem os candidatos. Muitos pegam um papel de propaganda no chão para votar no dia da eleição. Outros, pior ainda, vendem o voto, isto é, vendem a própria honra. Não se pode trocar o voto por um benefício, por um emprego. Não se pode votar em alguém só porque é um jogador ou cantor famoso; ou mesmo um excêntrico, como forma de protesto. Não se pode votar por sentimentalismo, só porque a pessoa é ligada à família ou é bonito e simpático. Não é de pessoas assim que a política e o país precisam, mas de gente honesta, competente e abnegada, que faz da política um meio de caridade, de busca do bem comum.
O voto só será consciente se o eleitor conhecer o candidato, informar-se, conhecer seus valores e o que pretende. Sobretudo, se é um político ou um “politiqueiro”, que visa se enriquecer ou aparecer.
Para dar um voto consciente, não podemos apenas nos basear no que dizem os candidatos no horário de propaganda eleitoral gratuita ou paga. É preciso mais, é preciso ler jornal e revista, assistir a debates e não ficar apenas nos noticiários da televisão.
Quem vota de maneira consciente nunca anula seu voto. É um grande engano e um verdadeiro perigo para a nação, pois facilita a eleição dos maus políticos. É verdade que faltam, às vezes, bons candidatos para a eleição em algumas funções, que façam da política um verdadeiro sacerdócio em favor do povo, mas jogar fora o voto é a pior opção e uma verdadeira traição a si mesmo e à nação. É um pecado, pois o voto é sagrado. Quem anula seu voto anula sua dignidade. Não adianta se enganar, alguém será eleito para cada cargo. Se nenhum candidato lhe agradar, vote no menos ruim.
O voto consciente não pode premiar candidatos que são bancados por ricas e fortes instituições (banqueiros, empresários, igrejas, sindicatos, cooperativas etc.). Esses, se eleitos, não vão trabalhar pelo bem do povo, mas vão fazer “lobbies” em benefício dessas instituições que bancaram suas campanhas. O voto consciente deve ser dado ao candidato que faz uma campanha limpa, que não tem ficha suja nem faz campanhas milionárias. Identifique aqueles candidatos que são apoiados pela comunidade onde você vive e que se interessam por todos.
Enfim, votar bem é algo essencial para a nação melhorar, é um dom que Deus nos dá. É direito e dever de cada cidadão votar bem e ajudar os outros a votarem bem.
Fonte: Portal cancaonova.com – Professor Felipe Aquino