Ninguém sabe, exatamente, quando Jesus voltará. O Catecismo da Igreja diz que: “O Juízo Final acontecerá por ocasião da volta gloriosa de Cristo. Só o Pai conhece a hora e o dia desse Juízo, só ele decide do seu advento” (n.1040). “Quanto àquele dia e àquela hora, ninguém os conhece, nem mesmo os anjos do céu, nem mesmo o Filho, mas, sim, o Pai só” (Mc 13,32).
Muitas especulações houve na história; e muitas marcaram o dia da volta de Jesus, mas todos erraram. Por isso, a Igreja proíbe que alguém afirme o dia da volta de Cristo. Muitos se enganaram sobre isso e levaram muitos outros ao engano e ao desespero. Até grandes santos da Igreja erraram neste ponto. Podemos citar alguns exemplos que Dom Estevão Bettencourt cita no seu curso de Escatologia: S. Hipólito de Roma (†235) chegou a afirmar que o fim do mundo seria no ano 500.
Previsões que não aconteceram
Santo Irineu (†202) confirmava a tese do Ps Barnabé, de que o fim seria no ano 6000 após a criação do mundo. Santo Ambrósio (†397) e S. Hilário de Poitres (†367) apoiaram a mesma tese anterior. S. Gaudêncio de Bréscia (†405) indicava o ano 7000 após a criação.
No século V, com a queda de Roma (476), S. Jerônimo (†420), S. João Crisóstomo (†407) e S. Leão Magno (†461) defendiam que, face à queda de Roma, o fim do mundo estava próximo. No século VI e VII, S. Gregório Magno (†604) afirmava como próxima a vinda de Cristo.
No Concílio Universal de Latrão V, em 1516, foi decretado: “Mandamos a todos os que estão, ou futuramente estarão incumbidos da pregação, que de modo nenhum presumam afirmar ou apregoar determinada época para os males vindouros para a vinda do anticristo ou para o dia do juízo. Com efeito, a Verdade diz: “Não toca a vós ter conhecimento dos tempos e momentos que o Pai fixou por Sua própria autoridade. Ninguém ouse predizer o futuro apelando para a Sagrada Escritura nem afirmar o que quer que seja, como se o tivesse recebido do Espírito Santo ou de revelação particular, nem ouse apoiar-se sobre conjecturas vãs ou despropositadas. Cada qual deve, segundo o preceito divino, pregar o Evangelho a toda a criatura, aprender a detestar o vício, recomendar e ensinar a prática das virtudes, a paz e a caridade mútuas, tão recomendadas por nosso Redentor”.
Em 1318, o Papa João XXII, condenando os erros dos chamados Fraticelli, proibiu que alguém preveja o fim do mundo e a volta de Cristo. (Curso de Escatologia – D. Estevão Bettencourt, págs. 123/124).
Falando sobre a Segunda Vinda de Cristo, o Papa João Paulo II disse em uma de suas catequeses:
“A história caminha rumo à sua meta, mas Cristo não indicou qualquer prazo cronológico. Ilusórias e desviantes são, portanto, as tentativas de previsão do fim do mundo. Cristo só nos assegurou que o fim não acontecerá antes que a Sua obra salvífica tenha alcançado uma dimensão universal através do anúncio do Evangelho: “Esta Boa Nova do Reino será proclamada em todo o mundo para dar testemunho diante de todos os povos. E então virá o fim” (Mt 24,14).
O que diz o Catecismo da Igreja Católica?
O Catecismo da Igreja diz que Jesus pode voltar a qualquer momento, mas ninguém sabe quando:
“A partir da Ascensão, o advento de Cristo na glória é iminente, embora não nos ‘caiba conhecer os tempos e os momentos que o Pai fixou com sua própria autoridade’ (At 1,7). Este acontecimento escatológico pode ocorrer a qualquer momento, ainda que estejam ‘retidos’ tanto ele como a provação final que há de precedê-lo” (n.673).
O Catecismo diz também que depende do povo judeu aceitar Jesus como o Messias verdadeiro:
“A vinda do Messias glorioso depende a todo momento da história do reconhecimento dele por “todo Israel”. Uma parte desse Israel se “endureceu” (Rm 5) na “incredulidade” (Rm 11,20) para com Jesus. São Paulo lhe faz eco: “Se a rejeição deles resultou na reconciliação do mundo, o que será o acolhimento deles senão a vida que vem dos mortos?”. A entrada da “plenitude dos judeus” na salvação messiânica, depois da “plenitude dos pagãos, dará ao povo de Deus a possibilidade de “realizar a plenitude de Cristo” (Ef 4, 13), na qual “Deus é tudo em todos” (1Cor 15,28). (n.674)
O Catecismo diz que a Igreja passará pela pior provação antes do Cristo voltar:
“Antes do advento de Cristo, a Igreja deve passar por uma provação final que abalará a fé de muitos crentes. A perseguição que acompanha a peregrinação dela na terra” desvendará o “mistério de iniquidade” sob a forma de uma impostura religiosa que há de trazer aos homens uma solução aparente a seus problemas, à custa da apostasia da verdade. A impostura religiosa suprema é a do Anticristo, isto é, a de um pseudo-messianismo em que o homem glorifica a si mesmo em lugar de Deus e de seu Messias que veio na carne” (n.675).
A Igreja sabe que só entrará na glória do Reino passando por uma “Paixão” semelhante a do seu Senhor. O Catecismo afirma: “O Reino não se realizará por um triunfo histórico da Igreja segundo um progresso ascendente, mas por uma vitória de Deus sobre o desencadeamento último do mal (cf. Ap 20,7-10), que fará a sua Esposa descer do Céu (Ap 21,2-4).
Orar e vigiar
O que a Igreja recomenda, e que compete a nós, é estarmos preparados para a volta de Cristo a qualquer momento, vivendo na vigilância e na oração constantes. Todos os que já morreram até hoje não puderam ver a volta de Cristo, mas se encontraram com Ele no “Tribunal de Cristo” após a morte, como disse São Paulo: “Por que teremos de comparecer diante do Tribunal de Cristo” (2 Cor 5,10). E a Carta aos Hebreus confirma dizendo: “Está determinado que os homens morram uma única vez, e logo em seguida vem o juízo” (Heb 9,27). Trata-se do juízo particular de cada um.
Fonte: Portal cancaonova.com – Professor Felipe Aquino